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O que é neutralidade da rede e porque você precisa se preocupar com isso

October 19th, 2011

Participei na semana passada do I Fórum da Internet do Brasil, e me surpreendi ao ver um representante do SindiTelebrasil ler em uma das salas de debate (Trilha 5, onde Neutralidade era um dos temas), um comunicado do Sindicato defendendo a flexibilização na definição de Neutralidade da rede no Brasil. O conteúdo do texto (ou parte dele) pode ser encontrado no site da instituição aqui.

Basicamente o que eles pedem é que o conceito de neutralidade a ser adotado no Brasil (por regulamentação da ANATEL, brecha já introduzida por eles no projeto de lei do Marco Civil), seja expandido para que permita “…às prestadoras ofertar serviços customizados que atendam a perfis de consumo específicos e adotar medidas para gestão e diferenciação de tráfego, inclusive aquelas que envolvam diferenciação de custos, preços e priorização por tipo de trafego.”

Pode parecer algo simples, mas impacta e muito a vida e o bolso de todos os internautas brasileiros, e vou explicar o motivo.

Em 2009, o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), aprovou e publicou uma resolução onde define os  “Princípios para a Governança e uso da Internet no Brasil”. A resolução apresenta 10 pontos que deve ser considerados como base para a governança da Internet em nosso país, e o item 6 do documento fala sobre a Neutralidade da Rede:

6.  Neutralidade da rede
Filtragem ou privilégios de tráfego devem respeitar apenas critérios técnicos e éticos, não sendo admissíveis motivos políticos, comerciais, religiosos, culturais, ou qualquer outra forma de discriminação ou favorecimento

Explicando o assunto de forma simplificada, imagine que a Internet seja uma grande estrada por onde passam diversos veículos, cada um deles carregando um pedaço de uma carga entre dois pontos. O que o princípio aprovado pelo CGI diz, é que “critérios técnicos e éticos” devem ser utilizados para se controlar o fluxo deste tráfego, não permitindo que critérios “políticos, comerciais, religiosos, culturais, ou qualquer outra forma de discriminação ou favorecimento sejam aplicados.”

Se os princípios do CGI forem seguidos, o tráfego de dados na Internet será regulado de forma muito parecida com o tráfego de veículos pelas estradas, onde critérios técnicos e éticos são usados para “dar preferência” ao tráfego de determinados tipos de veículos (como veículos de emergência). Este é o princípio da isonomia no tratamento de pacotes.

Na Internet, ao invés de termos veículos carregados, temos pacotes de dados transportando os dados das aplicações que utilizamos no dia a dia, como páginas web, imagens, áudio e vídeo, que são necessários para podermos utilizar serviços como VoIP (Skype), vídeos (YouTube, NetFlix e similares), redes P2P (Torrent) e todo o resto que usamos no dia a dia em nossos computadores e celulares.

A proposta do CGI pede simplesmente que o controle de fluxo destes dados sejam feitos por critérios técnicos e éticos, como por exemplo a priorização do tráfego de áudio e vídeo, pois qualquer demora na entrega destes pacotes faz com que a experiência do usuário ao utilizar o serviço seja muito prejudicada.

O que o SindiTelebrasil quer é o oposto disso. Querem que as regras lhes permitam aplicar “outros critérios” para o controle deste fluxo de dados, permitindo que cobrem do consumidor de acordo com o tipo de uso que ele faz da rede. Já imaginou onde isso pode chegar ?

Se não fizermos nada para lutar contra esta proposta apresentada por eles, que têm um poder enorme nas mãos, vamos ver em mais alguns meses a internet sendo fragmentada no Brasil, de acordo com o poder aquisitivo do Internauta. Teremos sim a Internet dos ricos (com áudio, vídeo e redes P2P) e a Internet dos pobres (páginas e no máximo imagens)… Não vou nem mencionar aqui a ‘falta de interesse’ das empresas de telecom em ver serviços como o Skype funcionando bem no Brasil ou das operadoras de TV a Cabo (que também vendem conexões banda larga) em ver serviços como o NetFlix e similares chegando a todo o vapor no Brasil, oferecendo uma alternativa barata aos caríssimos pacotes de TV por Assinatura que temos por aqui.

As teles justificam seu pedido dizendo que sem esta ‘regulamentação’, a Internet brasileira vai entrar em colapso e que se todo mundo resolver usar a banda que lhes é vendida, a Internet brasileira sai do ar… Fico aqui me perguntando se sou o único a achar isso um absurdo sem tamanho. Como disse um amigo meu, mais uma vez eles querem privatizar o lucro e socializar o prejuízo.

Vale a pena dizer que a luta que teríamos que travar no momento é para que as Teles entreguem de verdade a banda de internet que nos vendem, pois pasme você, em muitos contratos de ‘Banda Larga’ no Brasil, a banda ‘garantida’ é 10% da banda contratada. Sim, neste exato momento pode ter gente te fazendo de otário te vendendo uma conexão de 2 Mbps e te entregando apenas 200 Kbps.

Já existem diversos grupos de ativistas na rede se articulando para defender os nossos direitos frente a este ataque à nossa liberdade na rede (sim, eles podem decidir que você não vai mais usar o Skype, ver vídeo ou usar redes P2P e pronto), e por isso eu convido você internauta a procurar mais informações em grupos como o Mega Não e descobrir como você pode colaborar para manter nossa rede como é. Se não for por você, faça pelos seus filhos, para que tenham no futuro uma rede como aquela que você teve e que te trouxe até aqui.

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Filed under: Português | Comments (7) Article tags: Neutralidade da Rede Mega Não

What is net neutrality and why you need to worry about it

October 19th, 2011

Last week I attended the First Internet Forum in Brazil, and I was surprised to see a representative of SindiTelebrasil (Brazilian Telcos Syndicate) reading a statement in one of the debate halls (at the Track 5 debate, where net neutrality was one of the themes), asking for some flexibility on the regulatory net neutrality definition in Brazil. The content of the text (or part of it – sorry, in Brazilian Portuguese only) can be found here.

They are basically stating that the concept of net neutrality to be adopted in Brazil (at ANATEL, the agency that regulates the Telcos in Brazil, using a ‘trap’ already inserted by the Syndicate inside the “Civil Rights Framework for Internet in Brazil”), need to be  expanded to allow “… providers to offer customized services that meet specific consumer profiles and adopt measures to manage traffic and differentiation, including those involving differentiation of costs, prices and prioritization by type of traffic. ”

It may sound too much technical and simple, but it can impact a lot the life and pocket of every Brazilian Internet user, and I’ll explain why.

In 2009, the Internet Management Committee in Brazil (CGI.br) approved and published a resolution which defines the “Principles for the Internet Governance and Use in Brazil. ” The resolution has 10 points to be considered as the basis for Internet governance in our country, and the item 6 of the document talks about Net Neutrality:

6. Net neutrality
Traffic filtering or traffic privileges should cover only technical and ethical criteria, not being acceptable political, commercial, religious, cultural or any other form of discrimination or favoritism.

Explaining the matter in a simplified way, imagine that the Internet is a great road through which several vehicles are running, each one carrying a piece of a load between two points. The principle adopted by the CGI.br says that “technical and ethical criteria” should be used to control the flow of traffic, not allowing any “political, commercial, religious, cultural or any other form of discrimination or favoritism” to be applied.

If the CGI.br principles are followed, the data traffic on the Internet will be regulated much like vehicular traffic on the roads, where technical and ethical criteria are used to “give preference” to the traffic of certain types of vehicles (such as emergency vehicles). This is the principle of equality in the treatment of packets.

On the Internet, rather than loaded vehicles, we have data packets carrying application data we use in everyday life, such as web pages, images, audio and video, which are necessary for us to use services such as VoIP (Skype), video (YouTube, Netflix and similar services), P2P traffic (like torrents) and everything else we use in day by day activities on our computers and phones.

CGI.br’s proposal simply asks that the flow control of data is done by technical and ethical criteria, such as traffic prioritization to audio and video, as any delay in delivery of these packages impacts a lot the user experience when using the services.

What SindiTelebrasil want is the opposite. They want rules that allow them to apply “other criteria” to control the data flow, allowing them to charge the consumer according to the type of use (and services) he uses on the network. Can you imagine where wh may go with that ?

If we do nothing to fight against their proposal - and they have a huge influence power in their hands – we will probably see in a few more months the Brazilian Internet fragmented, according to the purchasing power of the Internet users. We will have the Internet “for the rich” (with audio, video and P2P networks) and Internet “for the poor” (limited to web pages and probably some images too)… I will not even mention the ‘total lack of interest’ of the telco companies to see services like Skype working well in Brazil or of the cable TV operators (who also sell broadband connections) to see services like Netflix and similar ones coming to full swing in Brazil, offering an inexpensive alternative to expensive pay TV offerings that we have here.

The telcos justify their request, saying that without this ‘regulation’, the Brazilian Internet will collapse and that if everyone decide to use all the band that they are selling, the Brazilian Internet goes down… I’m here wondering whether I am alone in finding this a huge absurd. As one friend of mine said, once again they want to privatize profits and socialize losses.

It is worth noting that the struggle of the moment would be to force the telcos to deliver the real Internet bandwidth they are selling to us, and you may be impressed because, in most ‘Broadband’ contracts of in Brazil, the ‘guaranteed’ bandwidth is 10% of the contracted bandwidth. Yes, right now we may have people fooling you selling a 2 Mbps connection and delivering only 200 Kbps.

There are several activist groups in Brazil that are articulating themselves to defend our rights against this attack to our freedom in the Internet (yes, the telcos may decide that you will no longer use Skype, watch videos or use P2P networks and you will not be able to do anything about that), and so I invite you to look for more information on Internet user groups like the Mega Nao and find out how you can help to, at least, maintain the Brazilian Internet as it is. If not for yourself, do it for your kids, so that in the future they may have an Internet similar to the one you had and brought you here.

I also bet that the same discussion is under the legislative and regulatory houses on you country, so you better hurry up !

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Filed under: English | Comment (0) Article tags: Net Neutrality

O ODF 1.2 foi aprovado pelo OASIS

October 4th, 2011

Há alguns meses eu escrevi um post anunciando a conclusão do desenvolvimento da versão 1.2 do padrão ODF pelo OASIS ODF TC. Na última sexta feira (30/09), foi anunciada oficialmente a aprovação do padrão pelo OASIS, e o Rob Weir publicou em seu blog um post bem interessante contando um pouco da história da especificação, listando os contribuidores dela e comemorando bastante o anúncio.

Eu gostei bastante de ver o número de empresas que votaram pela aprovação no OASIS (ninguém votou contra), pois a votação é aberta a todos os membros do OASIS e vota quem quer e tem interesse em ver a especificação aprovada. A quantidade mínima de votos necessários à aprovação era de 49 e tivemos 76 votos no final.

Para ficar fácil encontrar depois, deixo aqui a lista de empresas que votaram pela aprovação do padrão, e fiquei surpreso em ver alguns nomes nesta lista:

ACORD Corporation
AITI-Associazione Italiana Tesorieri de Im.
ASG Software Solutions
Adullact
Akamai Technologies
Ars Aperta
Axiomatics
Axway Software
Sursen Electronic Technology Co, Ltd
Booz Allen Hamilton
CA Technologies
Capgemini
Collaborative Fusion, Inc.
DeltaXML Limited
Deutsche Boerse AG
Deutsche Telekom AG
EMC
Eurobits Technologies
Fedict
Freescale Semiconductor, Inc.
Fujitsu Limited
GS1
Genus Technologies, LLC
Hippo B.V.
Hitachi, Ltd.
IBM
ISIS Papyrus America Inc.
ISO/IEC JTC1/SC34
Intellegere Foundation, Inc.
Jet Propulsion Laboratory (NASA)
KDE e.V.
LSI Corporation
Larson Software Technology, Inc.
Lexmark International Inc.
LonMark International
MTG Management Consultants, LLC.
Microsoft
Missouri Office of State Courts Admin.
MultiRacio Ltd.
NXP Semiconductors Netherlands b.v.
National Center for State Courts
National Institutes of Health
Netherlands Tax and Customs Administration
Neustar, Inc.
New Zealand Government
Newelo Oy
Nokia Corporation
North American Energy Standards Board
Novartis
Novell
Nuxeo
OpenDocument Format Alliance (ODFA)
Oracle
PSLX consortium
Polish Association of Translation Agencies
PrimeKey Solutions AB
Primeton Technologies, Inc.
Quark
Red Hat
SAP AG
SDL International
SailPoint Technologies
Siemens AG
Sonnenglanz Consulting
Stichting Centrum voor Wiskunde & Informatica
Symantec Corp.
TIBCO Software Inc.
Thales e-Security
The Boeing Company
Tradeshift Network Ltd.
Tridium, Inc.
UOML Alliance
US Department of Defense (DoD)
University of Rostock, Germany
WeWebU Software AG
Wellfleet Software Corporation

Como podem ver, temos nesta lista as empresas que trabalharam no desenvolvimento do padrão, empresas de TI já tradicionais no mercado, outros comitês de padronização, governos e grandes usuários de documentos eletrônicos.

O que me deixa muito satisfeito com esta aprovação e com o ODF 1.2 é que foram resolvidos muitos dos problemas apresentados durante os últimos anos, e adicionadas novas funcionalidades que serão fundamentais para que o ODF se torne em pouco tempo o padrão de fato para documentos de escritório em todo o mercado.

Os principais destaques nesta versão do padrão, que agora tem 1.217 páginas são o OpenFormula (especificação completa de fórmulas para planilhas), suporte a metadados em RDFa/RDF (os documentos se integram agora à web semântica) e o suporte a assinaturas digitais, motivo que me levou a trabalhar no comitê do ODF, para garantir que a especificação das assinaturas digitais do ODF fosse compatível com a ICP-Brasil.

Já existem diversos aplicativos utilizando a versão 1.2 do ODF, e a adoção desta versão pelos demais aplicativos é agora uma questão de tempo.

Devemos agora preparar a especificação para enviá-la a ISO, para que atualize a norma ISO/IEC 26.300:2006, e continuamos trabalhando no desenvolvimento do ODF 1.3.

Gostaria de deixar aqui um agradecimento público a todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente com a elaboração do ODF 1.2, com a adoção do padrão pelo mercado e um agradecimento especial a todos os que me ajudaram a encarar o desafio de participar de um desenvolvimento como este nestes 4 anos de trabalho. Teve brasileiro trabalhando na especificação e portanto, o ODF é o formato de documentos mais brasileiro de todos os tempos !

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Filed under: ODF, OpenStandards, Português | Comments (6) Article tags: ODF1.2 OASIS

ODF 1.2 is approved at OASIS

October 4th, 2011

A few months ago I wrote a post announcing the completion of the ODF 1.2 development. On past Friday (September, 30), it was officially announced the approval of the standard at OASIS, and Rob Weir has published an excellent post on his blog telling a little bit of the history behind the specification, listing its contributors and celebrating the announcement.

I’m really happy to see the number of companies who voted for its approval at OASIS (no one voted against it), because the vote is open to all OASIS members and isn’t a mandatory vote. The minimum number of votes required for approval was 49 and we had 76 votes at the end.

To make it easy to find later, I’m publishing here the list of companies who voted for the approval of the standard, and I’m surprised to see some names in this list:

ACORD Corporation
AITI-Associazione Italiana Tesorieri de Im.
ASG Software Solutions
Adullact
Akamai Technologies
Ars Aperta
Axiomatics
Axway Software
Sursen Electronic Technology Co, Ltd
Booz Allen Hamilton
CA Technologies
Capgemini
Collaborative Fusion, Inc.
DeltaXML Limited
Deutsche Boerse AG
Deutsche Telekom AG
EMC
Eurobits Technologies
Fedict
Freescale Semiconductor, Inc.
Fujitsu Limited
GS1
Genus Technologies, LLC
Hippo B.V.
Hitachi, Ltd.
IBM
ISIS Papyrus America Inc.
ISO/IEC JTC1/SC34
Intellegere Foundation, Inc.
Jet Propulsion Laboratory (NASA)
KDE e.V.
LSI Corporation
Larson Software Technology, Inc.
Lexmark International Inc.
LonMark International
MTG Management Consultants, LLC.
Microsoft
Missouri Office of State Courts Admin.
MultiRacio Ltd.
NXP Semiconductors Netherlands b.v.
National Center for State Courts
National Institutes of Health
Netherlands Tax and Customs Administration
Neustar, Inc.
New Zealand Government
Newelo Oy
Nokia Corporation
North American Energy Standards Board
Novartis
Novell
Nuxeo
OpenDocument Format Alliance (ODFA)
Oracle
PSLX consortium
Polish Association of Translation Agencies
PrimeKey Solutions AB
Primeton Technologies, Inc.
Quark
Red Hat
SAP AG
SDL International
SailPoint Technologies
Siemens AG
Sonnenglanz Consulting
Stichting Centrum voor Wiskunde & Informatica
Symantec Corp.
TIBCO Software Inc.
Thales e-Security
The Boeing Company
Tradeshift Network Ltd.
Tridium, Inc.
UOML Alliance
US Department of Defense (DoD)
University of Rostock, Germany
WeWebU Software AG
Wellfleet Software Corporation

As you can see, we have in this list some companies that worked on the development of the standard, traditional IT companies, other standards committees, governments and also  large users of electronic documents.

What I’m very pleased with this approval and with the ODF 1.2, is that many of the problems pointed during the past years are now solved, and we also added new features that will be fundamental for ODF to become soon the “de facto” standard for office documents in the entire market.

The main highlights in this version of the standard, which now has 1,217 pages are OpenFormula (complete specification of spreadsheet formulas), support for RDFa/RDF metadata (the documents are now part of the semantic web) and support for digital signatures, the reason why I joined the ODF TC, to ensure that the ODF’s digital signatures specification was compatible with the ICP-Brazil (Brazilian Government Public Key Infrastructure).

We already have several applications using ODF 1.2 and the adoption of this version for other applications is now a matter of time.

We must now prepare the specification for sending it to ISO (to update the ISO/IEC 26.300:2006), and also continue working on the development of ODF 1.3.

I want to leave here my public “thank you very much” to all those who contributed directly or indirectly with the development of ODF 1.2, with the adoption of standard at the market and a special thanks to all who helped me to face the challenge of participating in a development like this on the past four years of work. A Brazilian worked in the specification and therefore, the ODF is the most Brazilian of all the office documents standards spacer !

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ODF 1.2 se aprobó en OASIS

October 4th, 2011

Hace unos meses escribí un post  para anunciar la finalización del desarrollo de ODF 1.2. El viernes pasado (Septiembre 30), se anunció oficialmente la aprobación de la norma en el OASIS, y Rob Weir publicó un excelente post en su blog contando un poco de la historia detrás de la especificación, enumerando sus colaboradores y celebrando el anuncio.

Estoy muy feliz en ver el número de empresas que votaron por su aprobación en OASIS (nadie votó en contra), porque la votación es abierta a todos los miembros de OASIS y no es un voto obligatorio. El número mínimo de votos requeridos para su aprobación fue del 49 y tuvimos 76 votos al final.

Para que sea más fácil de encontrar después, estoy publicando aquí la lista de empresas que han votado por la aprobación del estándar, y estoy sorprendido de ver algunos nombres en esta lista:

ACORD Corporation
AITI-Associazione Italiana Tesorieri de Im.
ASG Software Solutions
Adullact
Akamai Technologies
Ars Aperta
Axiomatics
Axway Software
Sursen Electronic Technology Co, Ltd
Booz Allen Hamilton
CA Technologies
Capgemini
Collaborative Fusion, Inc.
DeltaXML Limited
Deutsche Boerse AG
Deutsche Telekom AG
EMC
Eurobits Technologies
Fedict
Freescale Semiconductor, Inc.
Fujitsu Limited
GS1
Genus Technologies, LLC
Hippo B.V.
Hitachi, Ltd.
IBM
ISIS Papyrus America Inc.
ISO/IEC JTC1/SC34
Intellegere Foundation, Inc.
Jet Propulsion Laboratory (NASA)
KDE e.V.
LSI Corporation
Larson Software Technology, Inc.
Lexmark International Inc.
LonMark International
MTG Management Consultants, LLC.
Microsoft
Missouri Office of State Courts Admin.
MultiRacio Ltd.
NXP Semiconductors Netherlands b.v.
National Center for State Courts
National Institutes of Health
Netherlands Tax and Customs Administration
Neustar, Inc.
New Zealand Government
Newelo Oy
Nokia Corporation
North American Energy Standards Board
Novartis
Novell
Nuxeo
OpenDocument Format Alliance (ODFA)
Oracle
PSLX consortium
Polish Association of Translation Agencies
PrimeKey Solutions AB
Primeton Technologies, Inc.
Quark
Red Hat
SAP AG
SDL International
SailPoint Technologies
Siemens AG
Sonnenglanz Consulting
Stichting Centrum voor Wiskunde & Informatica
Symantec Corp.
TIBCO Software Inc.
Thales e-Security
The Boeing Company
Tradeshift Network Ltd.
Tridium, Inc.
UOML Alliance
US Department of Defense (DoD)
University of Rostock, Germany
WeWebU Software AG
Wellfleet Software Corporation

Como se puede ver, tenemos en esta lista algunas empresas que trabajaron en el desarrollo del estándar, empresas más tradicionales de TI, otros comités técnicos, gobiernos y también grandes usuarios de documentos electrónicos.Estoy muy contento con esta aprobación y con el ODF 1.2, es que muchos de los problemas señalados en los últimos años están ahora resueltos, y también hemos añadido nuevas características que serán fundamentales para ODF convertirse en el estándar “de facto” para documentos de oficina en todo el mercado.

Los principales aspectos destacados en esta versión de la norma, que ahora cuenta con 1.217 páginas, son el OpenFormula (especificación completa de fórmulas para hojas de cálculo), el soporte a metadatos RDFa/RDF (los documentos son ahora parte de la web semántica) y soporte para firmas digitales, la razón por la cual yo me uní al TC ODF, para asegurarme de que la especificación de firmas digitales del ODF era compatible con la ICP-Brasil (Infraestructura de Clave Pública del gobierno brasileño).

Ya tenemos varias aplicaciones usando ODF 1.2 y la adopción de esta versión para otras aplicaciones es ahora una cuestión de tiempo.Ahora tenemos que preparar la especificación para enviarla a la ISO (para actualizar el ISO/IEC 26.300:2006), y también seguir trabajando en el desarrollo de ODF 1.3.

Quiero dejar aquí mi público “muchas gracias” a todos los que contribuyeron directa o indirectamente con el desarrollo de ODF 1.2, con su adopción en el mercado y un agradecimiento especial a todos los que me ayudaron a enfrentar el desafío de participar en un desarrollo como este en los últimos cuatro años de trabajo. Un latino americano trabajó en su desarollo y por eso, el ODF el estándar de documentos ofimáticos más latino de todos spacer !

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Sobre o ataque da Microsoft à soberania nacional: Wikileaks, Microsoft, ODF e OpenXML

September 9th, 2011

Há alguns dias fomos todos surpreendidos com um documento encontrado no CableGate, trocado entre a embaixada norte americana no Brasil e o Governo Norte Americano em 2007. De acordo com este documento, a Microsoft fazia gravíssimas acusações contra o governo brasileiro, e apesar de ter se feito de ‘tolinha’ pelo relato da reunião, pedia indiretamente uma intervenção do Governo Norte Americano para frear o avanço do ODF no Brasil, conseguir o apoio brasileiro para a aprovação do OpenXML na ISO, frear a parceria entre o comitê técnico brasileiro e demais comitês internacionais que discutiam o padrão, reduzir a influência do Brasil no debate internacional sobre o OpenXML, além de acusar o Ministério das Relações Exteriores e a Casa Civil de estarem executando uma campanha anti-americana. Pior do que isso, insinuam ainda que o ODF é um padrão anti-americano !

Eu estava envolvido até o pescoço com tudo isso naquela época e tenho aqui todos os detalhes de bastidores que causaram esta reunião entre a Microsoft e o Embaixador Americano e posso afirmar categoricamente: Foi SIM um pedido velado de intervenção.

Como esclarecimento inicial, o XML citado de forma incompleta no documento é o OpenXML (o Open deve ter sido suprimido por quem relatou a reunião).

Para contextualizar o documento, é importante lembrar que começamos a trabalhar na avaliação do OpenXML no Brazil no início de 2007, e que votamos “NÃO” à aprovação do padrão em Setembro. O resultado desta votação foi a rejeição do padrão com mais de 3 mil defeitos técnicos apontados. Mesmo assim, de forma surpreendente, o SC34 resolveu agendar uma reunião de 5 dias para Março de 2008 em Genebra na Suiça para ‘discutirmos os mais de 3 mil problemas técnicos’. Esta reunião se chamou Ballot Resolution Meeting (BRM) e existe farta documentação em meu blog sobre ela e o seu resultado final, de mudança de voto surpreendente e aprovação do padrão.

Gostaria de deixar claro aqui que não acredito que esta reunião entre Microsoft e o representante maior do Governo Norte Americano no Brasil tenha sido uma iniciativa individual do Sr. Michel Levy, mas que tenha sido uma iniciativa da corporação. Apesar de funcionário da Microsoft o Sr. Michel Levy é brasileiro, e prefiro não acreditar que ele tenha, por iniciativa própria, decidido se esforçar para colocar o Governo Norte Americano contra o Governo Brasileiro, desrespeitando assim nossa soberania nacional e nosso mérito técnico.

A primeira pergunta que deixo aqui é em quantos outros países que votaram NÃO ao OpenXML o mesmo aconteceu, e quais destes países “acataram”um eventual puxão de orelha por parte do governo norte americano.

Sim, o puxão de orelha pode mesmo ter ocorrido, pois se notarem a linha geral do discurso usado aqui no Brasil, a decisão técnica nacional é apresentada como sendo algo contra os Direitos de Propriedade Intelectual (IPR), e uma das coisas que causam retaliação nos acordos de livre comércio com os Estados Unidos são as violações à Propriedade Intelectual. Estou cansado de colecionar boatos aqui dos tempos de OpenXML, onde possíveis sanções motivadas por estas violações foram trazidas à mesa para a negociação dos votos de governo em alguns países (se seu país mudou de voto depois de Setembro de 2007, pode investigar que vai encontrar um papel ‘chave’ para o governo nesta mudança de voto). Quem sabe um dia o Wikileaks nos ajuda a investigar de forma aprofundada isso também !

Ainda sobre a motivação da reunião, acho cômico o fato de que no último parágrafo do documento esta escrito que a Microsoft não estava pedindo ajuda ao Governo Norte Americano, e duvido que no meio diplomático veríamos ali algo como “a Microsoft veio pedir ajuda pelo amor de Deus, pois estes malditos nativos Sul Americanos estão estragando tudo !”… Se não foi para pedir ajuda, por que motivo fizeram a reunião ? Seria o Embaixador Americano um psicólogo especializado em frustrações corporativas ? Será que ele é blogueiro secreto de algum site internacional de fofoca ?

Se ele deu ‘conselhos’ à Microsoft no Brasil, será que ele pode também me dar os números da Mega Sena se eu for até lá ?

Voltando ao documento, fico imensamente irritado ao ver a Microsoft afirmar que o Governo Brasileiro estava pressionando a ABNT para adotar o ODF. A Microsoft era membro do comitê da ABNT na época, e tenho aqui uma ata de reunião a empresa concorda com a abertura do processo para a adoção do padrão ODF no Brasil. Fui o responsável por este processo dentro da ABNT e contamos com colaboração de diversos órgãos de governo e empresas privadas, seguindo todas as regras internas da ABNT, sem pressão alguma e o pior de tudo: todo o processo foi feito com acompanhamento da Microsoft, que era membro do comitê e optou por não nos ajudar com o trabalho de tradução do padrão  para o português do Brasil.

A Microsoft sabia que o Brasil mantém uma tradição dentro da ABNT de que não são adotadas no Brasil as normas internacionais que contaram com o voto de rejeição do Brasil na ISO. Em outras palavras, se a tradição não for quebrada, o OpenXML jamais será adotado no Brasil ! (e isso no final de 2007 era uma catástrofe para a empresa, que estava jogando pesado tudo o que podia para conseguir o carimbo da ISO no OpenXML).

Para piorar a situação, a troca de informações entre membros dos comités técnicos que avaliavam o OpenXML era constante, e ao ver que o Brasil tinha dado um voto NÃO muito bem embasado tecnicamente, foi natural começarmos a receber por aqui pedidos de colaboração de diversos membros de outros comitês. Eu mesmo perdi a conta do número de pessoas e comitês com quem me correspondi durante aqueles meses. Claro que novamente isso incomodava demais a empresa, pois passamos a distribuir por aí pontos de argumentação para os quais eles nunca teriam uma resposta aceitável, e isso estava de fato complicando bastante a vida deles para manipular o jogo no mundo todo.

Não vou comentar aqui as acusações feitas ao Ministério das Relações Exteriores, mas digo apenas que se o ministério se manifestou internacionalmente sobre os fatos da época, esta foi uma decisão soberana e devia ser aceita por todos (e aceitar não significa concordar ou aprovar). Trabalhar contra um posicionamento destes é trabalhar contra a soberania nacional, e isso é inadmissível !

Acho interessante ver como o mundo dá voltas, e ver que as pessoas que a Microsoft acusa de serem anti americanas, são atualmente o Ministro da Defesa (Celso Amorim) e a nossa Presidenta da República (Dilma Russef), que é acusada ainda de ser contra os direitos de propriedade intelectual. Espero que a assessoria de ambos leiam o documento, para que fique clara a imagem que a Microsoft tem dos dois !

Para finalizar, tentam ainda insinuar que o ODF é um padrão anti americano. Confesso que gostaria muito de saber o que a IBM, Oracle, Google e Red Hat (entre outras empresas americanas) pensam sobre o padrão, uma vez que trabalham há alguns anos em seu desenvolvimento e adoção. Na verdade eu prefiro que estas empresas expliquem diretamente ao Governo Norte Americano se o ODF é ou não anti-americano, e espero ainda que elas peçam esclarecimentos ao governo do seu país sobre atividades similares da Microsoft em outros países durante os anos de 2007 e 2008.

Para quem não acompanhou a história toda, o ODF foi adotado no Brasil, o OpenXML rejeitado por aqui e só não tivemos um papel maior no cenário internacional pois fomos calados no último dia do BRM, justo quando iriamos apresentar uma proposta que mudaria o final desta história. Já contei esta história aqui.

Obrigado ao WikiLeaks, por nos ajudar a começar a tirar os esqueletos do armário. Para quem quiser entender como a Microsoft trata e negocia com países que possuem políticas pró Software Livre, vale a pena ler este outro cable aqui. Divirtam-se !

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Filed under: BRM, ODF, OOXML, Português |