No dia 13 de abril de 2012 uma reportagem em seu caderno de Saúde cujo título era “Metade dos casos de dor de cabeça está ligada à mandíbula” foi publicada no jornal Folha de São Paulo. Nesta reportagem há a citação da SBDOF e de seu presidente o Prof. Dr. Paulo César Rodrigues Conti de maneira errônea.
Alertados por este fato, prontamente enviamos uma carta resposta à Folha de São Paulo, tanto no email dedicado ao leitor como na seção Ombusdman. Lamentavelmente mais uma vez acreditamos que os jornalistas da Folha, em especial agora da seção Ombusdman não observaram as informações por nós enviadas.
Segue abaixo o conteúdo integral da carta enviada e recebida pela Folha de São Paulo no dia 20 de abril de 2012, fato confirmado por email pelo senhor Daniel Vasques da seção Ombusdman.
Ao jornal Folha de São Paulo
Sobre a reportagem Metade dos casos de dor de cabeça estão ligados a mandíbula publicada no dia 13 de abril no caderno Equilíbrio e Saúde, gostaríamos de esclarecer e acrescentar alguns dados.
É muito positiva a intenção da matéria de chamar a atenção para os problemas relacionados à mandíbula que podem causar muitas dificuldades, desconforto e dor para vários pacientes, que frequentemente sofrem por não terem a quem recorrer ou por receberem tratamentos inadequados. Porém, são necessários os seguintes esclarecimentos:
1) Atualmente, o termo mais apropriado para denominar esse grupo de problemas que afetam a região da face e mandíbula é Disfunção Temporomandibular, ou DTM, e não mais ATM (que é a sigla da Articulação Temporomandibular): assim, tanto as ATMs quanto os Músculos Mastigatórios podem ser fonte de dor e/ou disfunção (ruídos, limitação de movimentos, etc.) para o paciente;
2) Dessa forma, faz-se necessário um cuidadoso diagnóstico a fim de se saber a real origem do problema do paciente para se proceder ao pronto e correto tratamento, ou mesmo encaminhar o paciente para avaliação por outras áreas da Saúde quando isto for indicado;
3) Aparentemente, a relação de cerca de 50% das dores de cabeça com as DTM está superestimada. Isso é importante de ser dito, pois a Classificação Internacional das Cefaleias, segunda edição de 2004 da Sociedade Internacional de Cefaleias (CIC-2 2004 IHS), lista mais de uma centena de diferentes tipos de Cefaleias, Primárias ou Secundárias, e algumas delas apenas é que parecem ter sua origem ou são relacionadas as DTM. Além disso, sinais e sintomas de DTM são muito comuns em pacientes sofredores de Cefaleias Primárias (do tipo Migrânea ou Enxaqueca, e Cefaleia do Tipo Tensional) o que pode contribuir para aumentar a confusão;
4) A nós, Cirurgiões-Dentistas, cabe a avaliação e tratamento de pacientes com DTM ou Cefaleias Secundárias a ela, mas não nos cabe tratar diretamente as Cefaleias (área de competência dos Médicos), particularmente as Migrâneas, embora possamos intervir nesses pacientes caso eles apresentem algum tipo de DTM associada: isso frequentemente auxilia na melhora do estado geral do pacientes;
5) A especialidade de Disfunção Têmporo-Mandibular e Dor Orofacial foi criada pelo Conselho Federal de Odontologia em 2001 e trouxe o reconhecimento da necessidade de especialização dos profissionais que se interessam pela área de dores orofaciais, que apresenta grande e importante interface com áreas da Medicina como a Neurologia, ORL, Reumatologia, Psiquiatria, entre outras.
6) É importante dizer que a relação da Oclusão Dentária ou “problemas de mordida” com esses problemas parece não ser tão importante quanto se acreditava há alguns anos atrás, porém o seu conhecimento continua sendo e sempre terá grande importância e relevância nos demais procedimentos odontológicos, como a Prótese dentária ou a Ortodontia; então, se um indivíduo é portador de sinais e sintomas de DTM, o profissional mais indicado para atendê-lo é o especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial.
7) Por fim, a recém criada Sociedade Brasileira de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial (SBDOF) por cirurgiões dentistas de várias partes do Brasil (www.sbdof.com.br) tem por objetivo congregar profissionais de Odontologia e áreas afins interessados nesses problemas, com a finalidade de influenciar e orientar a formação de novos profissionais que estarão melhor preparados para o atendimento de qualidade desses pacientes, bem como a divulgação entre o público leigo dessa especialidade.
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