The Daily: Primeiras impressões sobre o primeiro jornal exclusivo para iPad

Hoje foi lançada na App Store a applicação The Daily, uma publicação estilo jornal, mas exclusiva, pelo menos por enquanto, para o iPad.

Instalei para testar e gostaria de compartilhar com vocês minhas primeiras impressões.

Pra começar, a idéia de ter uma publicação de conteúdo acorrentada exclusivamente a uma plataforma específica não me parece de grande genialidade. Mas, obviamente, com a atenção que o iPad tem tido desde o seu lançamento e com a grande quantidade de vendas do aparelho, seria até estranho que ninguém aproveitasse essa oportunidade. Hype vende, todos sabemos.

Abrindo o The Daily pela primeira vez

A primeira coisa que você vê quando abre o The Daily, após o download inicial do conteúdo, é uma tela com imagens dispostas num estilo “carrossel”, com destaque principal, obviamente, para a capa da edição do dia. O efeito é bonito e parece interessante até o momento em que você interage com a interface. Você precisa de grande destreza para conseguir parar em uma página específica nesse carrossel. Primeiro porque ele engasga e segundo porque qualquer toque faz com que mais de uma página passe e você tenha que ficar ajustando, com todo cuidado do mundo.

Enquanto você vai navegando, o restante do conteúdo é baixado. Durante esse período dá pra perdoar os engasgos na interface, já que tem um processo de download rodando ao fundo. Você fica esperando que, após o download completo, a aplicação comece a se comportar como uma aplicação normal para iPad, ou seja, com transições suaves, precisas e ágeis. Mas não é bem assim que a coisa funciona.

Navegando pelo conteúdo

Após escolher uma das páginas para começar sua navegação, a matéria abre-se em tela cheia. Em algumas delas (nessa primeira edição, na reportagem de capa) há um ícone dizendo para você rotacionar o iPad para ver fotos sobre a matéria. Apenas bells and whistles, algo que me parece que vai ser bem recebido pelos usuários mais deslumbrados de iPad, mas completamente inútil no fim das contas. Principalmente em uma aplicação que parece precisar de um pouco mais de poder de processamento para funcionar direito. Poderiam ter deixado isso de fora.

A navegação pelas páginas de uma matéria se faz como em livros no kindle, deslizando o dedo pela tela para a direita ou para a esquerda. A experiência, no entanto, é péssima, já que as transições são tudo, menos suaves e, mais frequentemente do que se poderia esperar, a próxima página demora demorados segundos para aparecer.

Quando se faz uma aplicação que precisa rodar ao mesmo tempo em diversos dispositivos e plataformas, alguma perda de desempenho é aceitável. Quando a aplicação é feita exclusivamente para um único conjunto de hardware e software, não dá pra perdoar. O iPad oferece uma experiência de uso inegavelmente de alto nível e essa aplicação não faz jus ao aparelho. Teste e me diga se estou errado.

A experiência de navegação no The Daily é muito similar à de um celular symbian com touch screen resistiva ou de um celular android das primeiras versões. Mas, vai ver que a demora nas transições é pra dar aquela sensação de tentar virar a página de um jornal sem molhar o dedo, e ter que tentar de novo até conseguir. Alguns devem achar charmoso, vai saber…

Na primeira vez que naveguei pela matéria de capa, um áudio sobre a reportagem começou a tocar sem que eu tivesse feito nada (pelo menos não conscientemente) e não consegui achar uma maneira de pará-lo, a não ser sair da aplicação e voltar novamente. Deixou um gosto parecido com o daqueles sites feitos em frontpage há 10 anos atrás, com um MIDI tocando ao fundo. Lembram?

Há uma barra de progresso muito parecida com a do kindle na parte superior da tela, que mostra em que ponto da edição você está atualmente. Se você clicar (ok, tá mais pra “dedar” do que clicar, mas vamos usar clicar para simplificar a coisa) nessa barra, aparecem as páginas com uma boa diferenciação entre as lidas e as não lidas. Bem útil, de verdade.

Portanto, resumindo, sobre a navegação, não há nada que não pudesse ser feito com a mesmo visual e, com certeza, com menos engasgos, em um site usando HTML5 ou até mesmo xHTML com boas doses de JavaScript e algum Flash aqui e ali quando necessário. A experiência, no geral, é ruim, deixa muitíssimo a desejar, principalmente depois de todo o hype que foi feito em volta dessa aplicação.

A única vantagem da aplicação é a possibilidade de ler o conteúdo offline, o que pode ser interessante em alguns momentos, claro, mas não justifica o fato da publicação existir apenas como aplicação de iPad. Nada impediria o The Daily de ser um site normal e ter a app como um complemento apenas para leitura offline. Assim funcionaria em qualquer dispositivo, inclusive, claro, no iPad.

Mas o hype faz com que valha a pena fazer essa palhaçada toda em volta de uma mera aplicação de conteúdo. Como eu já disse, o hype vende, e dessa vez não deve ser diferente. Muita gente deve comprar esse negócio apenas pela “inovação”

O conteúdo em si

Não tive tempo de ler muito do conteúdo da primeira edição, mas parece ser de boa qualidade e o que consegui ler não deixou a desejar. Mas é aquilo que já temos em todo lugar: texto, imagens, vídeos, áudio, animações. Nada demais quando se está em 2011.

Integração com redes sociais

Tem. Mas, hoje em dia, quem não tem? Você clica, compartilha, vai um link pra uma versão web da matéria. Normal.

Vai pegar?

Bom, eu costumo funcionar como um bom termômetro ao contrário. Como eu não gostei da aplicação, não achei nada demais, é bem provável que todos gostem muito e seja um sucesso estrondoso.

Não tem nada de inovador, apenas é a primeira publicação a restringir seu uso apenas ao iPad. No mais é só uma aplicação de conteúdo, tão ruim (ou tão boa, dependendo do seu ponto de vista) como, por exemplo, a wired pra iPad ou similares.

Eu, sinceramente, gostaria que não pegasse, mas não posso fazer nada… seja como for, não ganho nem perco nada com isso, já que não tem nenhuma oportunidade de negócio aparente pra mim dentro do The Daily e também não vou gastar nem um centavo com ele.

Vale a pena instalar?

Por enquanto a aplicação está de graça por sete dias. Nesse período eu diria que vale a pena sim, pelo menos pra testar. E, seja como for, é conteúdo de qualidade de graça, por que não?

Quando começar a ser pago, não vejo muito porque manter instalado. Conteúdo como o que tem no The Daily há aos montes de graça pela web. A não ser que você queira pagar pela possibilidade de ler offline, caia fora dessa.

Agora, o valor não vai ser alto. Serão 99 cents por semana. Mas, mesmo sendo um valor bem baixo, não vale a pena, porque, como já disse, conteúdo de qualidade temos aos montes por aí de graça.

Resumindo e concluindo

A aplicação engasga. As transições são tudo menos suaves, nem parece que você está usando um iPad. O conteúdo é bom, mas nada extraordinário para valer a pena meter a mão no bolso. Se você deixar o iPad em casa não vai poder continuar a leitura no seu celular ou no seu notebook. Vai provavelmente encher mais ainda os bolsos do Murdoch e do Jobs e, para nós, pobres mortais, não vai fazer a menor diferença.

Resumindo em uma palavra: Meh.

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O conforto do atual ou o a promessa do futuro?

Existem basicamente duas coisas em que você pode focar sua energia: aquilo que funciona hoje e aquilo que promete funcionar no futuro.

Focar no que funciona hoje garante que você ganhe dinheiro agora, mas você precisa conviver com o medo de, talvez, deixar de ganhar no futuro.

Focar no que promete funcionar no futuro faz com que você viva hoje a realidade de não ganhar nada, mas você se dá a chance de conviver com a esperança de ganhar uma bolada daqui a algum tempo.

Qual a sua escolha?

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Conteúdo no site dos outros. Bino, é uma cilada?

Uma dúvida que é recorrente na minha cabeça há muito tempo é se vale a pena escrever conteúdo exclusivo em território alheio, seja em um site de outra pessoa/empresa, seja em uma revista ou jornal, seja onde for.

Ao longo do tempo fui moldando minha opinião sobre isso e decidi que praticamente nunca vele a pena escrever para os outros se você pode ter seu próprio lugar para publicar seu conteúdo.

Em tempos de redes sociais esse questionamento voltou com força total e perdi mais alguns ciclos de CPU mental matutando sobre o assunto. Finalmente cheguei a uma lista simples e com margem de erro mínima.

Vale a pena escrever conteúdo exclusivo fora do seu território se:

  • Escrever naquele lugar vai te trazer uma projeção incrível (a ênfase aqui é importantíssima), como escrever um artigo para o blog mais acessado/bem conceituado sobre um determinado assunto, por exemplo
  • A grana é boa, ou seja, você vendeu um artigo e o que estão te pagando é mais do que você espera ganhar, por exemplo, com publicidade naquele mesmo texto no seu site num período de, digamos, 3 meses
  • Há algum outro valor não monetário envolvido, como um link ou o prazer de ajudar uma determinada comunidade sem segundas intenções (tanto suas quanto dela).
  • Você é amigo, irmão, camarada do dono do site
  • O site te dá alguma funcionalidade à qual você não tem acesso ou pela qual não pode/não quer pagar (o exemplo clássico é o youtube)
  • Aquele conteúdo não tem nenhum valor, portanto não importa onde está sendo publicado

Fora isso, não faz o menor sentido você, que tem capacidade intelectual suficiente para comprar um domínio, instalar um sistema como wordpress e colocar seu conteúdo ali, gastar seu latim em sites dos outros.

O quora, site de perguntas e respostas que está na crista da onda do hype nas últimas semanas, é um exemplo de onde você, cara esperto (ou menina esperta, claro, mas vamos usar “cara” que é mais genérico), não deveria gastar seu tempo escrevendo. O exemplo do quora é exatamente o oposto da wikipedia. Explico:

A wikipedia é um site de conteúdo aberto, sem fins lucrativos e, até onde eu sei, sem rabo preso com ninguém. Isso dá uma certa tranquilidade (mesmo que os anúncios e a campanha de doações do Jimmy Wales sejam um saco).

A wikipedia não vai vender seu conteúdo, não vai mostrar um anúncio daquela empresa que você odeia porque te sacaneou na semana passada do lado do seu conteúdo.

O quora não te dá essa garantia. É uma empresa que não fez nada de grande utilidade ainda e já recebeu nhenhentos milhões de dólares de investimento de alguma empresa cujo único e exclusivo objetivo é fazer grana. E ela vai fazer, no matter what. E se não fizer, o site vai pro buraco, e suas horas de trabalho construindo conteúdo para ela vão junto.

E o mais triste de tudo é que você não vai ter ganhado nada, absolutamente nada com isso no fim das contas. Se bem que você merece, convenhamos.

No facebook a coisa é ainda mais complicada. O site é fechado, seu acesso e propriedade sobre o conteúdo que está ali dentro estão sujeitos a termos que podem mudar com um estalar de dedos de um advogado.

O futuro de um site como o quora, o facebook, o twitter ou qualquer outro que não seja seu e, principalmente, que seja propriedade de uma empresa que vise o lucro (ou seja, qualquer empresa, e, óbvio, não há mal nenhum nisso), está completamente fora do seu controle.

Um site que não é seu pode simplesmente sumir de um dia para o outro se você nem saber o que aconteceu. Um site seu pode durar pela eternidade, só depende de você.

Depende de você também decidir onde você vai gastar suas horas e horas de produção de conteúdo, no seu site ou no site daquele outro cara ali?

Salvo as exceções que comentei no início do post, você só deveria gastar seu tempo produzindo conteúdo para seus próprios sites, dentro do seu próprio território, onde o controle está nas suas mãos.

Use os outros sites, os quoras, twitters e facebooks da vida (e até mesmo blogs dos outros, quando tiver brecha) apenas para promover o conteúdo publicado dentro do seu território. Esse é o único valor dessas redes no que tange à produção de conteúdo. São veículos que tem a capacidade de distribuir seu conteúdo para uma quantidade incrível de pessoas. Mas, no fim das contas, essas pessoas deveriam ir parar no seu site.

Não faz o menor sentido você usar a sua força de trabalho aliada ao seu conhecimento adquirido em longos anos de estudos e experiências para financiar o projeto de um cara qualquer que está ficando milionário às suas custas, sem te dar nada em troca.

Claro que a maior parte do conteúdo gerado em redes sociais cai no último exemplo da minha lista. A maior parte do conteúdo de qualquer rede social é inútil. Pelo menos inútil fora do círculo de família e amigos da pessoa que publicou. Arrisco dizer que a maior parte é inútil até mesmo para esse círculo.

Mas não é disso que estou falando aqui. Estou falando com você, que é inteligente, esperto, tem o que dizer, mas no entanto está perdendo seu tempo gerando conteúdo para o site dos outros sem receber nada em troca. Salvo engano, você é um otário, apesar de toda essa inteligência.

Eu até me incluo no meio desses otários, porque ainda escrevo muita coisa no twitter sem link nenhum pro meu site. Isso não deveria acontecer. Nunca. Vou dar um jeito nisso em breve.

Mas, por enquanto, por favor, façam o que eu digo e não o que eu faço, ok? (ou façam o que quiserem, só não reclamem depois).

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Seu site faz phishing? Distribui malware? O adwords não tem preconceito

Vi um anúncio do twitter no adsense aqui no blog hoje e achei estranho. Twitter anunciando no adwords? Improvável…

Olhei mais de perto e era uma URL meio estranha. Copiei o link, tirei os trackings do adwords, entrei no site e, tcharam, tela vermelha da morte no chrome. Site suspeito de phishing!

Mas, não é o próprio google que faz esses avisos? Eles devem ter algum tipo de banco de dados com todos esses sites e, com certeza, checam automaticamente qualquer site que tente comprar anúncios no adwords contra esse banco pra evitar problemas, correto? Errado!

O site não só é phishing como distribui malware descaradamente. A página é uma cópia perfeita da home do twitter. Clique em “Sign Up” e baixe automaticamente um programinha legal, chamado Plugin_twitter.exe. Se está no adsense, se o google aprovou, eu posso confiar e abrir esse programa, certo? Errado de novo!

Que feio, google. Tem que ver isso aí…

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